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O Climate Policy Initiative (CPI), o Instituto Clima e Sociedade (iCS), o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e o CONCITO publicaram relatório com oito recomendações para alavancar o financiamento climático internacional. O documento foca especialmente no papel que o Brasil deve desempenhar, enquanto presidente do G20, para fortalecer a implementação do financiamento climático de maneira eficaz. 

Segundo o novo relatório, “o financiamento climático continua insuficiente, ineficiente e distribuído de forma desigual, colocando desafios significativos para os esforços globais de descarbonização, especialmente para os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento”. 

O financiamento climático é uma das principais lacunas a serem enfrentadas pela liderança do Brasil no G20. Apesar de os fluxos financeiros terem dobrado em 2021/2022, atingindo US$ 1,3 trilhão, isso representa apenas 1% do PIB global, de acordo com estudo do CPI. A maior parcela do financiamento continua concentrada nas economias desenvolvidas e na China. Estima-se que países em desenvolvimento precisarão de cerca de US$ 2,4 trilhões em financiamento climático por ano até 2030. 

A principal questão levantada pelo relatório é a necessidade de reforma da arquitetura financeira. Para Barbara Buchner, diretora global do CPI, “a Indonésia e a Índia prepararam o terreno para o G20 atuar na reforma da arquitetura financeira. Agora, a presidência brasileira do G20 pode liderar essa implementação, concentrando-se nas reformas dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMDs) e do FMI, no que tange ao custo do capital, ao risco climático e à tributação internacional.” 

Outra questão é a criação de plataformas nacionais para promover o desenvolvimento e a inclusão de projetos de investimentos, o gerenciamento de riscos, a conexão entre potenciais investidores a diversas fontes de financiamento, assim como a mobilização de capital doméstico. O relatório destaca que o G20 pode fornecer recomendações e construir um acordo sobre os critérios e os compromissos das plataformas nacionais, o que pode trazer mais segurança e facilitar a implementação de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) mais ambiciosas.  

Nos próximos anos, as grandes decisões da agenda do clima internacional passarão pelo Brasil, através de suas presidências do G20 (em 2024) e do BRICS e COP30 (em 2025). A COP30 é também o prazo final para os países apresentarem suas novas NDCs. Para Barbara Buchner, “a presidência do G20 oferece ao Brasil uma oportunidade única de mostrar liderança através da apresentação com antecedência de uma NDC ambiciosa, alinhada com outros planos climáticos (como o Plano de Transição Ecológica), estruturada e implementada por meio de uma abordagem de plataforma nacional.” 

O elevado custo de capital nos mercados emergentes e nas economias de desenvolvimento tem inviabilizado projetos passíveis de financiamento em países com custo de capital mais baixo. O relatório destaca a partilha de riscos como uma oportunidade de aumentar a mobilização do investimento privado, o que pode ser favorecido pelo G20.  

A tributação internacional também pode alavancar novos financiamentos. Segundo o relatório, o Brasil deve continuar assumindo a liderança e facilitando a inclusão da tributação internacional na agenda do G20, fornecendo recomendações concretas para corrigir as desigualdades existentes e combater a evasão fiscal. 

O G20 também pode contribuir para avançar as discussões sobre o Novo Objetivo Coletivo Quantificado sobre Financiamento Climático (NCQG, na sigla em inglês), dando prioridade a componentes implementáveis, que possam ser rastreados, para conferir transparência e confiança no sistema entre os membros do G20.  

O relatório destaca ainda que o Brasil tem grande potencial de liderar a implementação de soluções baseadas na natureza e impulsionar o financiamento da natureza e o desenvolvimento da bioeconomia. O país tem localização privilegiada no bioma Amazônia e grande potencial de aumentar as remoções de CO2 através da restauração e da reposição florestal. 

Além de o financiamento climático ser insuficiente para atender às metas climáticas, ele está concentrado especialmente nos objetivos de mitigação. A lacuna de financiamento para adaptação climática está aumentando e provém especialmente do setor público. O Brasil tem a oportunidade de incluir o tópico de adaptação na agenda internacional e liderar ações para mobilizar o financiamento privado. O país deve ainda propor uma análise do custo de inação ou “custo de não fazer nada” para compreender o impacto real da crise climática sobre os países-membros do G20. 

O relatório será apresentado hoje, 16, no evento “Sustainable Finance to Boost Impact: Platforms and Instruments” das Reuniões de Primavera do Banco Mundial e FMI em Washington, Estados Unidos. O evento é organizado pelo iCS e pelo Wilson Center Brazil Institute e tem moderação de Barbara Buchner, do CPI. 

Sobre o CPI  
O CPI é pioneiro no monitoramento dos fluxos globais de financiamento climático, tendo publicado em 2010 o primeiro Panorama Global de Financiamento Climático. Desde então, o CPI tem monitorado e analisado os fluxos de financiamento climático, publicando anualmente um Panorama Global com informações sobre a origem e fonte dos recursos, volume de financiamento, instrumentos financeiros, setores beneficiados e usos climáticos (mitigação, adaptação ou ambos). O Panorama avalia o investimento dos setores público e privado e oferece aos formuladores de políticas públicas e à sociedade civil uma linha de base consistente para medir o progresso dos níveis de investimentos e apontar lacunas de um financiamento compatível com as metas climáticas atuais. No Brasil, em 2023, o CPI/PUC-Rio lançou o Panorama de Financiamento Climático para Uso da Terra no Brasil.  

O CPI vem apoiando as presidências do G20 desde 2022. Este ano, com o Brasil na presidência do G20, Barbara Buchner está integrando o grupo de experts do Grupo de Trabalho Finanças Sustentáveis e o grupo de experts da Força-Tarefa Clima (TF-CLIMA). Juliano Assunção, diretor executivo do CPI/PUC-Rio, também integra o TF-Clima. 

Para mais informações, entre em contato com: 
Camila Calado Lima  
Especialista Sênior em Comunicação do CPI/PUC-Rio 
camila.lima@cpiglobal.org  
(86) 99966-0560  

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