Da energia ao agronegócio, a destruição da floresta compromete serviços vitais para o país
A Floresta Amazônica não é apenas um patrimônio ambiental, mas um ativo econômico de valor inestimável para o Brasil. Um novo relatório do Climate Policy Initiative (CPI/PUC-Rio) e do projeto Amazônia 2030 mostra como o desmatamento da Amazônia impacta os chamados rios voadores — correntes de umidade formadas pela evapotranspiração da floresta — e comprometem água e estabilidade climática em diversas regiões do país.
De acordo com o estudo, a derrubada da floresta já gera prejuízos anuais bilionários, especialmente no setor elétrico. Somente as hidrelétricas de Itaipu e Belo Monte perderam juntas potencial de gerar 3.700 GWh por ano, o equivalente ao consumo de energia elétrica de todo o estado de Rondônia, o que representa mais de R$ 1 bilhão em perdas anuais.
Impactos em múltiplos setores
O relatório revela que os efeitos do desmatamento ameaçam também outros setores, além da energia:
- Abastecimento de água: sistemas críticos, como o Cantareira (SP), estão no caminho dos rios voadores e podem ter sua oferta comprometida especialmente em períodos de seca.
- Agropecuária: dependente da chuva, a produção de soja, milho e cana-de-açúcar sofre riscos crescentes; as perdas decorrentes das secas somaram R$ 186 bilhões entre 2013 e 2022.
- Incêndios: a redução das chuvas diminui a resiliência da vegetação, ampliando os riscos de queimadas que já afetaram mais de 30 milhões de hectares em 2024.
- Hidrovias: estiagens recordes têm prejudicado o transporte de grãos, potencialmente impactando a competitividade do Brasil no comércio internacional.
Floresta em pé como estratégia nacional
Os pesquisadores alertam que, até 2050, até 47% da floresta pode sofrer distúrbios que comprometeriam de forma irreversível a oferta de serviços ecossistêmicos. “A proteção da Amazônia não é apenas uma pauta ambiental, mas um imperativo estratégico para a segurança energética, hídrica e alimentar do Brasil”, afirmam os autores Gustavo Pinto e João Pedro Arbache, do CPI/PUC-Rio.
O estudo reforça que políticas públicas de combate ao desmatamento — como o PPCDAm, responsável por reduzir a taxa de destruição da floresta em cinco vezes entre 2004 e 2014 — são fundamentais para manter o país em rota de crescimento sustentável.
Acesse o estudo completo: bit.ly/SinteseRiosVoadores
Sobre o Climate Policy Initiative
O Climate Policy Initiative (CPI) é uma organização com experiência internacional em análise de políticas públicas e finanças, que possui sete escritórios ao redor do mundo. No Brasil, é afiliado à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e atua no aprimoramento de políticas públicas e finanças sustentáveis a fim de promover a transição para uma economia de baixo carbono. O CPI/PUC-Rio desenvolve análises baseadas em evidência e estabelece parcerias estratégicas com membros do governo, da sociedade civil, do setor privado e de instituições financeiras.
Sobre o Amazônia 2030
O projeto Amazônia 2030 é uma iniciativa de pesquisadores brasileiros para desenvolver um plano de desenvolvimento sustentável para a Amazônia brasileira. Nosso objetivo é oferecer condições para que a região possa alcançar um patamar maior de desenvolvimento econômico e humano e atingir o uso sustentável dos recursos naturais em 2030.
Mais informações:
Camila Calado Lima
camila.lima@cpiglobal.org
(86) 99966-0560